Formação Técnica para a Indústria Vidreira

A formação técnica para a indústria vidreira possui particularidades que a diferenciam de outros setores. Os cursos de Engenharia de Materiais, por exemplo, geralmente abordam três grandes grupos de materiais: metais, polímeros e cerâmicos. O vidro, que não se encaixa exatamente em nenhum desses grupos, é frequentemente agrupado dentro dos materiais cerâmicos onde, na melhor das hipóteses, é tratado em disciplinas genéricas.

Na prática, as indústrias vidreiras costumam contratar engenheiros de materiais, muitas vezes preferindo os metalurgistas devido à similaridade na aplicação de grandes fornos e ambientes de alta temperatura. Nesse contexto, a formação técnica específica para a indústria vidreira é, em sua maioria, promovida internamente pelas próprias empresas. Muitas vezes, o novo contratado acaba aprendendo de forma autodidata, por meio da observação e do contato com profissionais mais experientes.

É compreensível que as escolas de Engenharia de Materiais não incluam o vidro como um quarto grupo, devido ao número reduzido de indústrias vidreiras em comparação com os setores metalúrgico, cerâmico e de polímeros. Contudo, essa lacuna resulta em uma indústria vidreira, milenar, siga com um forte viés empírico, mesmo com os avanços tecnológicos significativos registrados desde o século passado.

O processo de produção vidreira é contínuo e ininterrupto, e, para garantir o sucesso da produção, cada etapa – desde o fornecimento das matérias-primas até o armazenamento dos produtos – deve ser conduzida de acordo com técnicas rigorosas e especificações detalhadas. O número de parâmetros que influenciam a qualidade e a produtividade da produção vidreira é tão grande que, frequentemente, os profissionais brincam que uma "magia negra" é responsável pela variação da qualidade, muitas vezes de forma inexplicável. Somente com o domínio do conhecimento de todas as etapas da produção é possível reduzir ou eliminar essa "magia negra".

Os profissionais de produção, além de atender às demandas comerciais dentro dos parâmetros de qualidade, têm como responsabilidades a harmonização da linha de produção com o suprimento de matérias-primas, equipamentos e insumos, a manutenção dos equipamentos, a segurança da equipe e o cumprimento das normas ambientais. Dada a complexidade de suas tarefas cotidianas, raramente têm tempo ou recursos para preparar programas de formação e desenvolvimento para suas equipes.

Nos grandes grupos vidreiros, a economia de escala permite a implantação de departamentos técnicos que oferecem suporte às produções e promovem atividades de treinamento. No entanto, indústrias menores, que dispõem de apenas uma planta, muitas vezes dependem de instituições que oferecem treinamentos especializados ou precisam contratar pessoal com experiência prévia no setor.

As principais instituições que oferecem programas de treinamento vidreiro são, em sua maioria, localizadas na Europa, com cursos em inglês, o que dificulta o acesso de profissionais que falam português ou espanhol, além de exigir deslocamentos transcontinentais.

Para mitigar essa carência, um grupo de veteranos da indústria e da academia, apaixonados pelo vidro e empenhados em compartilhar conhecimentos e experiências, fundou a Escola do Vidro. A instituição oferece cursos presenciais e a distância, além de manual de treinamento. Se você tem interesse em expandir seus conhecimentos ou compartilhar suas experiências, junte-se a nós.

Autor: Mauro Akerman

Referência

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